Os constantes casos de corrupção que assola, em especial, os recursos públicos praticados por agentes políticos “representantes do povo” com a complacência de altos escalões da máquina pública têm sido o principal fator do crescente sentimento de indignação, frustação e indiferença da sociedade, que enxerga a maioria dos políticos com desconfiança e descredito e tem causado um enorme abalo na confiança do cidadão/eleitor na classe política, com isso enfraquecendo a já combalida democracia representativa.
A corrupção é amplamente vista na sociedade brasileira como um problema grave, que prejudica a economia, a política e a vida social. Também é vista como um obstáculo ao desenvolvimento social, pois afeta a qualidade dos serviços públicos e a efetivação de direitos sociais, bem como causa profundos danos ao bem-estar dos cidadãos, pois causa o desperdício de recursos públicos e a redução dos investimentos em áreas como saúde, educação e segurança. Enfim, a corrupção é vista como um fator que contribui para a desigualdade social e a exclusão, pois afeta mais diretamente os mais pobres, que têm menos acesso aos serviços públicos e aos direitos sociais.
São séculos de corrupção enraizados em nossa história. É uma situação que não vai mudar "do dia para a noite. Entendo que a sociedade percebe hoje a corrupção como algo muito mais estrutural do que o mero desvio de conduta individual ou de um grupo aqui ou ali. Mas, a meu ver, o necessário combate a corrupção, em especial na administração pública, exige uma abordagem multifacetada, focada na prevenção, detecção e punição, além de fortalecer a ética e a integridade. Isso inclui a implementação de políticas de transparência, mecanismos de controle interno, melhoria do sistema de fiscalização, e promoção da participação cívica.
A recente descoberta de um esquema bilionário de fraudes praticada contra aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social- INSS caiu como uma bomba no seio da sociedade, evidenciando a falta de limites dos envolvidos nessa inescrupulosa ação de corrupção que no que foi investigado e constatado até o momento chega a inimaginável cifra de 6,3 bilhões de reais, além dê revelar que entidades envolvidas na farra dos descontos indevidos pagaram pelo menos R$ 110 milhões a empresários e empresas que operam crédito consignado.
O ministro Carlos Lupi, que fora avisado a tempos atrás das ilicitudes que ocorriam no INSS: “Olha, tem coisa errada no INSS!”, revelou não ter tido competência para gerir a crise na instituição a ele subordinada e pior, cometeu o erro de defender publicamente o ex-chefe do INSS Alessandro Stedanutto, nomeado por ele e que foi afastado da presidência do INSS pela polícia federal face comprovação do rombo bilionário no INSS. Diante da grande repercussão negativa nos veículos de comunicação e a reação de indignação popular ao escândalo de corrupção no INSS, sobretudo por se tratar de descontos indevidos de benefícios de idosos que recebem uma aposentadoria que não cobre suas despesas e vivem com dificuldades financeira, me pareceu estranho a demora do presidente Lula em demitir o seu ministro da previdência Carlos Lupi, que aliás é reincidente uma vez que fora demitido do ministério do trabalho pela ex-presidente Dilma pelos mesmos motivos de esquema de corrupção em sua pasta. Conheço o Carlos Lupi, militamos politicamente juntos durante 20 anos e sinceramente lamento profundamente o fato de, salvo melhor juízo, estar envolvido em atos ilícitos de corrupção. Brizola deve estar profundamente decepcionado com a mancha de corrupção que recai sobre o partido que fundou, o PDT, a décadas presidido por Carlos Lupi.
Os descontos indevidos nos benefícios dos aposentados, que pôr sinal já é gravíssimo, ganha novo desdobramentos em virtude de um novo tronco de investigação envolvendo outra instituição do governo, a DATAPREV, que mira possíveis fraudes nos empréstimos consignados, firmados por meio do INSS, com aposentados e pensionistas.
Os envolvidos nesse inadmissível crime cometidos através dos descontos e dos empréstimos consignados indevidos, que tantas dificuldades e prejuízo causou às pessoas humildes de todo o Brasil, precisam ser combatidos pela Polícia Federal, pela Receita Federal e pelo Ministério Público Federal. Os autores, sem deixar de atingir os bancos e banqueiros envolvidos que se beneficiaram com o esquema de corrupção, devem ser presos e seus bens têm de ir a leilão para cobrir parte do rombo. Só assim será feito justiça! Vamos aguardar!
Amaury Cardoso (blog de artigos; www.amaurycardoso.blogspot.com.br)
Graduação em Física, Pós Graduação em Gestão Pública, Pós Graduação em Políticas Públicas e Governo, Pós Graduação em Marketing, Comunicação, Planejamento e Estratégia em Campanhas Eleitorais, Especialização em Política e Estratégia, Especialização em Ciências Políticas.